sexta-feira, 22 de julho de 2011

Capítulo 10 - Sei que não é um beijo de despedida

Filipa:
Parece que estou a viver um pesadelo, ontem ele pedia-me para ficar com ele e agora trai-me? Isto não podia ser verdade, não podia… Não agora…
Daniel – Tem calma, Filipa – disse afagando-me algumas lágrimas que teimavam em cair
Filipa – Ainda nem acredito… - disse entre soluços
Daniel – Ele não te merece mesmo! Mas vá, não vamos falar disso, o que tu precisas neste momento é tranquilidade e quem melhor que o Shiny? – disse com um sorriso maravilhoso nos lábios
Filipa – Não sei…
Daniel – Tu a recusares o Shiny? – disse fazendo-me uma caricia no nariz
Filipa – Tens razão, vou ver o meu menino!
Daniel – Assim é que é falar! Bem, vou andando…
Filipa – Não, vem comigo…
Francisco:
Eu não acredito que aquele palhaço está a abraçar a minha menina, eu vou acabar com isto e é já!
Francisco – Muito bem, agora vão para os estábulos! – disse num tom de ironia
A Filipa virou-se para mim e fui invadido por um sentimento de vazio. Aquela carinha de menina pequena estava repleta de lágrimas, o rosto dela expressava o seu mais puro desespero e o meu coração partiu-se em mil bocadinhos.
Filipa – Eu nem te vou responder – assim que proferiu tais palavras a pouca força que restava para que não caíssem as lágrimas desvaneceu-se e elas acabaram mesmo por cair. Ela olhou-me nos olhos e começou a correr assustada, como se estivesse perante um monstro. E será que eu não seria mesmo um monstro? Havia acabado com a nossa relação por uma estupidez enquanto estava bêbedo, eu tornei-me igual aos outros que em tempo a haviam magoado, eu não a merecia mesmo.
Daniel – Filipa, espera! – gritou
Francisco – É que nem penses! – disse empurrando-o.
Corri o mais que pude atrás dela, como se a minha vida dependesse disso. Eu tinha que a agarrar e explicar o que tinha acontecido, mesmo sabendo que ela não quer ouvir as minhas explicações.
Filipa:
Odeio-me! Odeio-me por gostar tanto dele, por cada palavra que ele diga tenha mais impacto do que qualquer outra coisa, odeio-me por ser tão dependente dele e por me ter deixado afectar desta maneira. Eu sempre fui independente, nunca precisei de um rapaz para nada, nunca me deixei levar tanto por um rapaz. Sempre tive uma regra: «não são eles que me têm na mão, sou eu que os tenho», como é que eu deitei tudo a perder? Como e porque é que eu deixei de ser aquela pessoa para agora ser uma mais vulnerável e que se deixa levar assim por um rapaz? Isto é que é amar? Amar é deixarmos de ser quem somos, dedicarmo-nos a uma pessoa para depois sermos apunhalados pelas costas? Se isto é amar e ser amado, então prefiro nunca mais amar. Sempre ouvi dizer que o amor não era nada fácil, mas isto é para lá da simplicidade, isto já é dor, imensa dor, dor que eu nunca pensei sentir. Nos primeiros dias, é tudo muito bonito, ele é querido, dá-nos prendas, apresenta-nos aos amigos e família, diz que somos a mulher da vida dele e em casos extremos, como o meu, oferece-nos um anel e pede para ficarmos com ele para sempre, e para que é que isso serve? Para depois nos trair na mesma noite e dar a desculpa de estar bêbedo? Eu nunca pintei assim o meu conto de fadas, mas quem o borrou não fui eu, foi ele e graças a isso, eu não quero mais amar, tenho medo de o fazer, medo de ser traída, humilhada e magoada. A partir de hoje, uma nova Filipa vai nascer, uma Filipa que não se deixa levar por nenhum rapaz, uma Filipa que não quer saber dos sentimentos deles para nada, uma Filipa que irá ser feliz sozinha, mas ainda vai demorar até ela aparecer, ela ainda é um recém-nascido, frágil e com medo do mundo, desejando voltar ao aconchego do ventre da sua mãe.
Eu nunca pedi isto, só pedi que fosse amada, mas nem isso fui, mas agora, agora tudo mudou e eu só quero sossego para começar uma vida nova.
Filipa – Oh Shiny – disse com os meus olhos rasos – nunca pensei que ele me fizesse isto… - disse totalmente consumida pelo choro
Francisco – Nem eu…
Fiquei deveras surpreendida, julguei que estava ali sozinha, mas ele teve que me seguir. Mas para quê? Para me fazer sofrer mais? Enchi o peito de ar, limpei as lágrimas que estavam no meu rosto e fiz força para que mais nenhuma caísse
Filipa – Sai daqui – pedi num tom de voz calmo
Francisco – Só depois de me ouvires!
Filipa – Francisco, sai… Não me faças chamar um dos trabalhadores – pedi
Francisco – Só te peço dois minutos – disse aproximando-se de mim
Filipa – Não quero falar contigo, sai! – disse dando um passo atrás
Francisco – Não te peço mais nada, se quiseres depois de falar vou logo fazer as minhas malas e vou para Lisboa!
Filipa – Está bem, dois minutos, nem mais que isso e vais e sais ainda hoje daqui.
Costumou-me tanto dizer-lhe aquilo, de maneira tão fria. O que eu mais queria era que ele ficasse comigo esta noite, que me abraçasse e dissesse que tinha sido tudo um pesadelo, que ele não tinha feito nada, mas eu sabia que isso não iria acontecer e que os dois minutos que lhe dei só me iriam magoar mais.
Francisco – Fica descansada, já fiz a mala e pedi à minha irmã que me viesse buscar.
Filipa – No meio disto tudo ainda tens bom senso – disse rispidamente
Francisco – Não me trates assim, peço-te… - pediu-me com os olhos vermelhos
Filipa – Então queres que te trate como? Com beijinhos? Depois de tudo o que me fizeste ainda queres beijinhos? Francisco, tu traíste-me, magoaste-me e humilhaste-me! Queres o quê?
Francisco – Que o fiz só porque estava bêbedo!
Filipa – A típica desculpa de estar bêbedo comigo não resulta, já devias saber!
Francisco – Eu não me lembro de nada, ela pode estar a mentir!
Meti a mão no bolso e tirei o soutien dela.
Filipa – E disto, já te lembras? – disse atirando-lhe o soutien
Francisco – Filipa, acredita em mim, eu não me lembro de nada! Tu sabes como a Rute tem inveja de ti, ela pode ter armado isto tudo!
Filipa – Ah, agora a culpa é dela?
Francisco – Ele lembro-me de ter adormecido ao teu lado, não te lembras? Eu até tenho a marca dos teus brincos na cara e até tenho as tuas pulseiras no bolso das minhas calças, tu disseste que estavam a fazer muito barulho e pediste-me para as guardar no meu bolso das calças, não te lembras? – perguntou desesperado
Filipa – Sim lembro… - de facto aquilo era verdade
Francisco – Eu estou a dizer a verdade, acredita em mim! Eu amo-te, seria incapaz de te fazer isso – disse com as primeiras lágrimas a caírem-lhe pelo rosto.
Confesso que aquele gesto acabou com o que restava do meu coração. Ali estava, à minha frente, o homem da minha vida a implorar-me pelo meu perdão, mas eu não conseguia conceder-lhe aquele pedido.
Filipa – Chega! – gritei – Vai-te embora! Eu nunca devia ter deixado que voltasses à minha vida, foste um erro – disse com os olhos rasos de lágrimas e acabei por perder o que restava da minha dignidade e tinha caído enfrente ao homem que amava e que me tinha feito passar a maior humilhação da minha vida.
Francisco – Eu amo-te e vou provar-te que não te trai – disse abraçando-me.
Aquele abraço fez-me estremecer. Eu queria muito aquele abraço, mas não podia permitir que ele me visse naquele estado, naquele desespero, não podia deixar que ele fosse o meu porto de abrigo, mas naquele momento, não tinha forças para o mandar embora.
Ele agarrou no meu rosto e deu-me um beijo, não um beijo de despedida, mas um beijo apaixonado, o beijo que ambos desejávamos, mas que só ele conseguiu tomar a iniciativa para tal. Nunca me tinha dado um beijo daqueles, carregado de emoções e com lágrimas à mistura. Nós sabíamos que não seria o nosso último beijo, mas eu obriguei-me a pensar que seria. Os nossos lábios separaram-se e ele fez-me uma última caricia e depois partiu, deixando-me ali, sozinha.
Francisco:
Nunca tinha provado um beijo com tantas emoções, com mágoa, paixão, mas principalmente com um travo a despedida. Eu não queria que aquele fosse o nosso último beijo, mas tenho a certeza que a Filipa o tinha visto como tal. Eu prometo por mim, por ela, por nós que iria provar que eu nunca a havia traído, mas por enquanto, só me restava cumprir a minha promessa e arrumar as minhas coisas para voltar para Lisboa.
Fui para o quarto dela, sim, porque a partir desta manhã, este quarto havia deixado de ser meu… Agarrei na minha mala e arrumei tudo o que era meu. Olhei para a máquina fotográfica e de filmar dela e aproveitei para copiar tudo para o meu portátil, eu queria ficar com recordações daquele amor, daquele conto de fadas que vivi com a minha princesa.
Olhei em meu redor e tudo me fazia lembrar algum momento que tínhamos passados juntos e que iria sempre guardar para mim. Olhei mais uma última vez, com as lágrimas a caírem impiedosamente, como se me tivesse a despedir da felicidade, como se a deixasse ali, para mais tarde a recuperar.
Agarrei nas malas, despedi-me de todos e dirigi-me a casa, o único lugar onde ninguém me julgava e eu podia afundar-me na depressão de ter perdido o amor da minha vida, sem que me moessem o juízo. Eu prometo que vou provar que não trai a Filipa, juro por tudo que o irei fazer!

2 comentários:

  1. Oie!!! oie!!
    Adoro mt a tua fic...
    É bom que ele compra aquilo que diz... coitada ela não merece...
    beijos e continua(:

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  2. Opá vá lá, a rute tem de levar umas bem levadas, deixa ser a bea a dar-lhe please honey! :p
    Lindjinho zuca, mas eles vão-se acertar!
    Abreijos

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