sexta-feira, 22 de julho de 2011

Capítulo 10 - Sei que não é um beijo de despedida

Filipa:
Parece que estou a viver um pesadelo, ontem ele pedia-me para ficar com ele e agora trai-me? Isto não podia ser verdade, não podia… Não agora…
Daniel – Tem calma, Filipa – disse afagando-me algumas lágrimas que teimavam em cair
Filipa – Ainda nem acredito… - disse entre soluços
Daniel – Ele não te merece mesmo! Mas vá, não vamos falar disso, o que tu precisas neste momento é tranquilidade e quem melhor que o Shiny? – disse com um sorriso maravilhoso nos lábios
Filipa – Não sei…
Daniel – Tu a recusares o Shiny? – disse fazendo-me uma caricia no nariz
Filipa – Tens razão, vou ver o meu menino!
Daniel – Assim é que é falar! Bem, vou andando…
Filipa – Não, vem comigo…
Francisco:
Eu não acredito que aquele palhaço está a abraçar a minha menina, eu vou acabar com isto e é já!
Francisco – Muito bem, agora vão para os estábulos! – disse num tom de ironia
A Filipa virou-se para mim e fui invadido por um sentimento de vazio. Aquela carinha de menina pequena estava repleta de lágrimas, o rosto dela expressava o seu mais puro desespero e o meu coração partiu-se em mil bocadinhos.
Filipa – Eu nem te vou responder – assim que proferiu tais palavras a pouca força que restava para que não caíssem as lágrimas desvaneceu-se e elas acabaram mesmo por cair. Ela olhou-me nos olhos e começou a correr assustada, como se estivesse perante um monstro. E será que eu não seria mesmo um monstro? Havia acabado com a nossa relação por uma estupidez enquanto estava bêbedo, eu tornei-me igual aos outros que em tempo a haviam magoado, eu não a merecia mesmo.
Daniel – Filipa, espera! – gritou
Francisco – É que nem penses! – disse empurrando-o.
Corri o mais que pude atrás dela, como se a minha vida dependesse disso. Eu tinha que a agarrar e explicar o que tinha acontecido, mesmo sabendo que ela não quer ouvir as minhas explicações.
Filipa:
Odeio-me! Odeio-me por gostar tanto dele, por cada palavra que ele diga tenha mais impacto do que qualquer outra coisa, odeio-me por ser tão dependente dele e por me ter deixado afectar desta maneira. Eu sempre fui independente, nunca precisei de um rapaz para nada, nunca me deixei levar tanto por um rapaz. Sempre tive uma regra: «não são eles que me têm na mão, sou eu que os tenho», como é que eu deitei tudo a perder? Como e porque é que eu deixei de ser aquela pessoa para agora ser uma mais vulnerável e que se deixa levar assim por um rapaz? Isto é que é amar? Amar é deixarmos de ser quem somos, dedicarmo-nos a uma pessoa para depois sermos apunhalados pelas costas? Se isto é amar e ser amado, então prefiro nunca mais amar. Sempre ouvi dizer que o amor não era nada fácil, mas isto é para lá da simplicidade, isto já é dor, imensa dor, dor que eu nunca pensei sentir. Nos primeiros dias, é tudo muito bonito, ele é querido, dá-nos prendas, apresenta-nos aos amigos e família, diz que somos a mulher da vida dele e em casos extremos, como o meu, oferece-nos um anel e pede para ficarmos com ele para sempre, e para que é que isso serve? Para depois nos trair na mesma noite e dar a desculpa de estar bêbedo? Eu nunca pintei assim o meu conto de fadas, mas quem o borrou não fui eu, foi ele e graças a isso, eu não quero mais amar, tenho medo de o fazer, medo de ser traída, humilhada e magoada. A partir de hoje, uma nova Filipa vai nascer, uma Filipa que não se deixa levar por nenhum rapaz, uma Filipa que não quer saber dos sentimentos deles para nada, uma Filipa que irá ser feliz sozinha, mas ainda vai demorar até ela aparecer, ela ainda é um recém-nascido, frágil e com medo do mundo, desejando voltar ao aconchego do ventre da sua mãe.
Eu nunca pedi isto, só pedi que fosse amada, mas nem isso fui, mas agora, agora tudo mudou e eu só quero sossego para começar uma vida nova.
Filipa – Oh Shiny – disse com os meus olhos rasos – nunca pensei que ele me fizesse isto… - disse totalmente consumida pelo choro
Francisco – Nem eu…
Fiquei deveras surpreendida, julguei que estava ali sozinha, mas ele teve que me seguir. Mas para quê? Para me fazer sofrer mais? Enchi o peito de ar, limpei as lágrimas que estavam no meu rosto e fiz força para que mais nenhuma caísse
Filipa – Sai daqui – pedi num tom de voz calmo
Francisco – Só depois de me ouvires!
Filipa – Francisco, sai… Não me faças chamar um dos trabalhadores – pedi
Francisco – Só te peço dois minutos – disse aproximando-se de mim
Filipa – Não quero falar contigo, sai! – disse dando um passo atrás
Francisco – Não te peço mais nada, se quiseres depois de falar vou logo fazer as minhas malas e vou para Lisboa!
Filipa – Está bem, dois minutos, nem mais que isso e vais e sais ainda hoje daqui.
Costumou-me tanto dizer-lhe aquilo, de maneira tão fria. O que eu mais queria era que ele ficasse comigo esta noite, que me abraçasse e dissesse que tinha sido tudo um pesadelo, que ele não tinha feito nada, mas eu sabia que isso não iria acontecer e que os dois minutos que lhe dei só me iriam magoar mais.
Francisco – Fica descansada, já fiz a mala e pedi à minha irmã que me viesse buscar.
Filipa – No meio disto tudo ainda tens bom senso – disse rispidamente
Francisco – Não me trates assim, peço-te… - pediu-me com os olhos vermelhos
Filipa – Então queres que te trate como? Com beijinhos? Depois de tudo o que me fizeste ainda queres beijinhos? Francisco, tu traíste-me, magoaste-me e humilhaste-me! Queres o quê?
Francisco – Que o fiz só porque estava bêbedo!
Filipa – A típica desculpa de estar bêbedo comigo não resulta, já devias saber!
Francisco – Eu não me lembro de nada, ela pode estar a mentir!
Meti a mão no bolso e tirei o soutien dela.
Filipa – E disto, já te lembras? – disse atirando-lhe o soutien
Francisco – Filipa, acredita em mim, eu não me lembro de nada! Tu sabes como a Rute tem inveja de ti, ela pode ter armado isto tudo!
Filipa – Ah, agora a culpa é dela?
Francisco – Ele lembro-me de ter adormecido ao teu lado, não te lembras? Eu até tenho a marca dos teus brincos na cara e até tenho as tuas pulseiras no bolso das minhas calças, tu disseste que estavam a fazer muito barulho e pediste-me para as guardar no meu bolso das calças, não te lembras? – perguntou desesperado
Filipa – Sim lembro… - de facto aquilo era verdade
Francisco – Eu estou a dizer a verdade, acredita em mim! Eu amo-te, seria incapaz de te fazer isso – disse com as primeiras lágrimas a caírem-lhe pelo rosto.
Confesso que aquele gesto acabou com o que restava do meu coração. Ali estava, à minha frente, o homem da minha vida a implorar-me pelo meu perdão, mas eu não conseguia conceder-lhe aquele pedido.
Filipa – Chega! – gritei – Vai-te embora! Eu nunca devia ter deixado que voltasses à minha vida, foste um erro – disse com os olhos rasos de lágrimas e acabei por perder o que restava da minha dignidade e tinha caído enfrente ao homem que amava e que me tinha feito passar a maior humilhação da minha vida.
Francisco – Eu amo-te e vou provar-te que não te trai – disse abraçando-me.
Aquele abraço fez-me estremecer. Eu queria muito aquele abraço, mas não podia permitir que ele me visse naquele estado, naquele desespero, não podia deixar que ele fosse o meu porto de abrigo, mas naquele momento, não tinha forças para o mandar embora.
Ele agarrou no meu rosto e deu-me um beijo, não um beijo de despedida, mas um beijo apaixonado, o beijo que ambos desejávamos, mas que só ele conseguiu tomar a iniciativa para tal. Nunca me tinha dado um beijo daqueles, carregado de emoções e com lágrimas à mistura. Nós sabíamos que não seria o nosso último beijo, mas eu obriguei-me a pensar que seria. Os nossos lábios separaram-se e ele fez-me uma última caricia e depois partiu, deixando-me ali, sozinha.
Francisco:
Nunca tinha provado um beijo com tantas emoções, com mágoa, paixão, mas principalmente com um travo a despedida. Eu não queria que aquele fosse o nosso último beijo, mas tenho a certeza que a Filipa o tinha visto como tal. Eu prometo por mim, por ela, por nós que iria provar que eu nunca a havia traído, mas por enquanto, só me restava cumprir a minha promessa e arrumar as minhas coisas para voltar para Lisboa.
Fui para o quarto dela, sim, porque a partir desta manhã, este quarto havia deixado de ser meu… Agarrei na minha mala e arrumei tudo o que era meu. Olhei para a máquina fotográfica e de filmar dela e aproveitei para copiar tudo para o meu portátil, eu queria ficar com recordações daquele amor, daquele conto de fadas que vivi com a minha princesa.
Olhei em meu redor e tudo me fazia lembrar algum momento que tínhamos passados juntos e que iria sempre guardar para mim. Olhei mais uma última vez, com as lágrimas a caírem impiedosamente, como se me tivesse a despedir da felicidade, como se a deixasse ali, para mais tarde a recuperar.
Agarrei nas malas, despedi-me de todos e dirigi-me a casa, o único lugar onde ninguém me julgava e eu podia afundar-me na depressão de ter perdido o amor da minha vida, sem que me moessem o juízo. Eu prometo que vou provar que não trai a Filipa, juro por tudo que o irei fazer!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Capítulo 9 – Happy new year or maybe not… (Parte II)

Uma das minhas seguidoras mandou-me um mail a pedir que mostrasse o facebook da Filipa (caso esta não se importasse), ela não se importou e como podem ver, está nas miniaplicações.

Espero que gostem e comentem, a vossa opinião é muito importante,

Obrigada! Beijinho *

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Filipa:

Estava tudo a correr como planeado! O jantar estava fantástico, a companhia melhor ainda e a festa nem se fala. Tínhamos acabado de fazer a contagem decrescente para o novo ano e festejamos alegremente, só se via amor a pairar por aquelas antigas paredes.

Gustavo (num sussurro ao ouvido da Mica) – Sabes qual é que foi o meu desejo para este ano?

Mica – Não podes dizer, se não, não se concretiza!

Gustavo – Mas eu quero dizer-te! O meu desejo é que fiques comigo… - disse dando-lhe um beijo apaixonadíssimo

Filipa – Eu disse que ias ter o teu final feliz, meu amor! Um brinde ao novo casalinho!

Rodrigo – Estão a falar de nós?

Todos ficamos abismados com o que víamos! É certo que os tinha deixado de ver, mas pensava que tinham estado a discutir, por isso, nem liguei. Mas quando os vi chegarem de mãos dadas e anunciarem-se como casal, caiu-me tudo!

Francisco – Por acaso até não, mas também serve!

Todos nos rimos com aquela afirmação, via-se mesmo que só podia ter sido dita por ele!

Francisco – Por falar em casalinhos, tenho uma surpresa para fazer à minha princesa! – disse olhando-me nos olhos

Bernardo – Se já estás a dizer, não é surpresa… - disse em tom de piada

Filipa – Shiu! Continua, chuchu…

Bernardo – Já nem se pode dizer nada!

Olhei-o com uma vontade enorme de lhe apertar o pescoço, mas não foi preciso, pois ele limitou-se a calar e a sorrir.

Francisco – Filipa me… - mas não conseguiu acabar a frase porque eu o interrompi

Filipa – ESPERA!

Todos se riram, aquilo era tão típico findo de mim. Assim que acabei de dizer aquilo, corri freneticamente para o meu quarto para ir buscar a prenda que lhe tinha comprado e voltei a correr até à sala e quase já sei folgo, tentei falar.

Filipa – Desculpa! Esqueci-me da tua surpresa – disse com uma expressão de menina envergonhada, que desde sempre era uma das minhas mais conhecidas características

Francisco – Não faz mal! Vá, então diz tu primeiro – disse fazendo-me uma caricia no rosto


Filipa – Eu quis dar-te uma coisa que tu pudesses usar todos os dias, algo que tu gostasses mesmo e para isso tive a ajuda do Bernardo e da Mica, espero que gostes – disse estendendo o saco da timberland.

Francisco (a abrir a caixa do relógio) – Não era preciso teres gasto dinheiro! Não… Tu não… Eu não acredito! Tu nem sabes há quanto tempo é que eu andava para comprar este relógio! És a melhor, nunca o irei tirar, juro que não! – disse dando-me um forte abraço seguido de um beijo

Filipa – Convém que o tires nem que seja só para dormir ou tomar banho – gracejei

Francisco – Nem para isso – disse juntando-se às minhas gargalhadas

Bea – Tanta coisa e ainda não vi a surpresa da Fi!

Filipa – Bea… - disse envergonhada

Bea – Que foi? – perguntou com a maior descontracção do mundo, já era típica aquela atitude que tão bem a caracterizava

Francisco – Ela tem razão, meu amor, falta a minha surpresa – disse ajoelhando-se

Filipa – Não… Tu não vais… - disse emocionada

Francisco – Enquanto eu não ganhar milhões vais ter que ficar com este, desculpa… - disse tirando uma caixinha do bolso

Filipa – Eu não acredito… – disse com os meus olhos rasos de lágrimas

Francisco – Filipa, ficas comigo para sempre? – disse tremendo como um menino pequeno

Filipa – Fico, meu amor… Claro que fico!

Ele meteu-me o anel no dedo, levantou-se e abraçou-me como nunca havia feito. Todos aplaudiam e assobiavam felizes por nós, por tudo o que havia acontecido e que havia de acontecer! Eu chorava de felicidade como uma menina a quem lhe haviam realizado o seu maior sonho, porque este, era o meu sonho, o Francisco desde o primeiro momento que se tinha tornado o meu sonho e que agora sim, este estava realizado, pronto para ser desenvolvido.
A estas celebrações todas, juntaram-se várias «flute à champagne» e a última coisa que me lembro é de termos adormecido na sala e eu ter adormecido agarrada ao Francisco.

Filipa (tentado levantar-me) – Aii! – disse colocando a mão na cabeça – que dor de cabeça…

Bernardo – Fala mais baixo!

Mica – Se não tivessem bebido não vos doía nada! – disse reclamando

Filipa, Bernardo, Bea – Epá, fala baixo!

A muito esforço ainda conseguimos soltar algumas gargalhadas prazerosas, mas eu tinha sido interrompida pelo meu Francisco.

Francisco:

Acordei com uma enorme dor de cabeça, nem conseguia abrir os olhos.

Francisco – Filipa… - chamei-a percorrendo a minha mão pelos lençóis tentando encontra-la

Rute – Interessante, ontem à noite não foi por ela que chamaste…

Aquela voz fez-me abrir os olhos e saltar para fora da cama num ápice, mas assim que o fiz percebi que não estava nas melhores condições. Estava estupefacto ao deparar-me com o meu estado de nudez e ao facto de ela também se encontrar nua.

Francisco – Estás a mentir! Aproveitaste-te de eu estar bêbedo para te despires e deitares-te ao meu lado para mais uma vez dares cabo da vida da Filipa, és uma invejosa

Rute – Olha que não foi bem assim que aconteceu… Eu passei aqui pelo quarto e só estavas tu e eu pensei que tivesse acontecido alguma coisa e com a melhor das intenções entrei e perguntei se estava tudo bem. Tu é que me agarraste e tu é que me puxaste para a cama, lembra-te lá – disse com um sorriso malévolo nos lábios

Francisco – Eu não me lembro de nada disso! Sai JÁ daqui! E nem penses em contar nada disto à Filipa, se não…

Rute – Se não o quê? Bates-me é?

Francisco – Se tiver que ser! Mas vá, agora sai daqui antes que me arranjes problemas!

Ela agarrou nas suas roupas que estavam espalhadas pelo quarto da Filipa e saiu

Rute (num sussurro) – Nem penses que te livras de mim assim tão facilmente…

O que é que eu tinha feito? Eu não me lembro de nada! Eu não posso ter traído a Filipa, ela nunca me iria perdoar, ela sempre disse: «nunca mas nunca irei perdoar uma traição» e esta não seria excepção! Mas eu teria mesmo traído a mulher da minha vida ou seria mais um dos joguinhos da Rute? Só sei  é que sinto um enorme vazio dentro de mim e o melhor seria vestir-me, ir ter com a Filipa antes que ela acordasse e fingir que isto nunca aconteceu.

Filipa:

Filipa – Onde foste?

Francisco – Fui só à casa de banho…

Filipa – Não dei por nada, meu amor.

Francisco – Estavas a dormir que nem um anjinho, nem tive coragem para te acordar – disse dando-me um beijo

Filipa – Estas bem?

Francisco – Sim, porquê? Não devia? Pareço-te diferente? – respondeu todo atrapalhado

Filipa – Calma, amor! Pareces nervoso…

Francisco – Eu? Nervoso? É impressão tua, eu não estou nada nervoso!

Filipa – Se tu dizes… - dei-lhe um beijo – vou tomar banho, até já.

Francisco – Até já!

Filipa - Que estranho, o Francisco parecia mesmo uma pilha de nervos, mas não percebo o porquê… Bem, não deve ser nada! – disse para mim mesma

Enquanto me dirigia para o meu quarto ia pensando nisso, mas o meu pensamento foi interrompido por uma coisa que estava no chão do meu quarto. Era um soutien vermelho de renda e podia jurar que aquilo não era meu, porque eu não tinha nenhum assim! Bem, mas podia ser de alguma das meninas, mas como é que aquilo tinha ido ali parar? Antes de tirar conclusões precipitadas, o melhor era arruma-lo e depois do banho iria falar com elas e tirar aquela história a limpo. De banho tomado e de roupa vestida, agarrei no meu telemóvel e mandei uma mensagem para as meninas:

Para: Mica, Bea, Matie
Meninas, preciso mesmo de falar convosco! Pode ser daqui a 15 minutos no escritório da minha avó?

Todas me responderam afirmativamente e o tempo para a nossa «reunião» havia chegado e eu já me encontrava no escritório à espera delas.
Beatriz – Então? Que se passa?

Filipa – Meninas, sejam sinceras… - pedi enquanto tirava o soutien do meu bolso – isto é de alguma de vocês?

Mica – Meu não é!

Beatriz – Meu muito menos!

Matilde – Por acaso até é giro, bem que podia ser meu, mas não é…

Filipa – Obrigada na mesma…

Mica – Mas porque é que estas a perguntar isso?

Eu não consegui responder, senti o chão a sair debaixo dos meus pés, a minha cara encheu-se de lágrimas e não conseguia faze-las parar.

Beatriz – Achas que o…?


Ela não acabou a frase e penso que foi graças a ver-me naqueles estado e ainda bem que não a terminou… Não conseguia falar, simplesmente assenti afirmativamente com a cabeça e assim que o fiz, senti o abraço reconfortante de todas elas.

Mica – Pronto, pronto… nós estamos aqui… - proferiu da forma mais ternurenta que alguma vez tinha ouvido

Ao fim de largos minutos a chorar e sem que elas me largassem, as lágrimas haviam secado e só havia uma maneira de resolver isto, eu tinha que ir falar com a Rute!
Enquanto me dirigia para casa dela, para puder tirar esta estória a limpo, voltei a ser consumida pelas lágrimas e o que restava da minha força para segurar o meu próprio corpo, se havia desvanecido e eu acabara por cair no chão, até que ouvi os passos apressados de alguém e depressa me ajudou a levantar. Tive alguma dificuldade em ver quem era, pois tinha a vista turva com tanta lágrima que derramei.

Daniel – Filipa, estás bem? – disse agarrando-me com toda a delicadeza e firmeza necessária para que me aguentasse em pé

Filipa – Sim, estou. Que estás aqui a fazer? Vai-te embora, não quero mais confusões, a sério, peço-te… - a minha voz fluiu como um sussurro, eu estava totalmente destruída, nem conseguia falar normalmente o que era muito raro, porque eu era conhecida pelos meus gritos extremamente audíveis

Daniel – Eu só vim dizer que não te iria chatear mais, vinha pedir-te desculpa, mas agora não te posso deixar assim neste estado!

Filipa – Eu estou bem – tentei parecer o mais normal possível, mas era completamente impossível

Daniel – Eu conheço-te, tu não estás bem. Eu não te vou perguntar o que tens, porque sei que não gostas que o façam, mas não te vou deixar assim, sozinha – disse abrindo os braços para que eu me aninhasse

Filipa – Obrigada… - disse aninhando-me nos braços dele

Nem eu queria acreditar no que estava a acontecer, mas o Daniel parecia mesmo estar a ser simpático e genuíno. E eu acredito que todas as pessoas merecem uma segunda oportunidade e estava na altura de ele ter a dele.

Francisco:

Estava farto de procurar a Filipa, ninguém sabia dela e as raparigas recusavam-se a falar comigo, por isso, ela já sabia de tudo. Um vazio enorme apoderou-se de mim, eu tinha que a encontrar! Enquanto me dirigia para os estábulos, vi o meu pior pesadelo mesmo enfrente a mim… O Daniel e a Filipa estavam abraçados… Ela não seria capaz de me fazer isto, o que eu fiz foi muito mau, mas este joguinho de vingança não era nada dela, o que é que se estava a passar?

Rute – Então? Parece que alguém não gostou do que viu… - disse num tom provocador

Francisco – Cala-te! Isto é tudo culpa tua!

Rute – Minha? Para dançar o tango são precisas duas pessoas, nunca ouviste dizer?

Francisco – És mesmo uma cabra!

Rute – E tu ainda nem viste nada… - disse virando-me as costas

O que é que seria que ela estaria a tramar? O meu amor e o da Filipa não podia acabar assim, não podia! Logo agora… Parece que quando está tudo perfeito, acontece sempre alguma coisa para estragar tudo…

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Capítulo 9 - Happy new year or maybe not... (Parte I)

Filipa:

Estava tudo a correr bem até agora, o Daniel não tinha aparecido mais vez nenhuma e as coisas entre a Mica e o Gustavo estavam bastante bem.
Era dias 31 de Dezembro e logo à noite esperava por nós uma grande festa! Para uma grande festa, precisávamos de grandes adereços e então juntámo-nos todos para ir às compras a Évora, mas antes de sairmos, tínhamos que estar lindas o que fez com que saíssemos mais tarde de casa, do que o previsto.

Filipa

Assim que chegámos, decidimos que os rapazes iriam para um lado e as raparigas por outro e que tínhamos que nos encontrar ao pé dos carros às 13h para almoçarmos.
Já tínhamos encontrado o vestido perfeito para logo à noite, mas eu procurava algo que pudesse oferecer ao Francisco, uma coisa que ele pudesse usar todos os dias.

Mica (num sussurro) – Estas bem? – ela sabia que quando não estou bem, não gosto que os outros percebam, então tentou ser o mais discreta possível
Filipa – Sim, só não sei o que dar ao Francisco…
Mica – Já não lhe deste a prenda de Natal?
Filipa – Sim, mas esta é diferente… Queria dar-lhe algo que ele pudesse usar todos os dias.
Mica – Liga ao Bernardo, ele melhor do que ninguém sabe disso!
Filipa – Obrigada, é isso mesmo!


Agarrei no meu telemóvel e liguei para o Bernardo, para que ele me ajudasse.

Bernardo – Fogo, isso é que é telepatia, eu ia ligar para a Mica mesmo agora! Quando vocês dizem que estão telepaticamente ligadas, não estavam a brincar!
Filipa – Ias ligar à Mica?
Bernardo – Eu não, o Fran… Porque é que me estas a ligar? – disse atrapalhado
Filipa – O Francisco ia ligar à Mica?
Bernardo – Sim… Ele ia perguntar onde estavam…
Filipa – Para?
Bernardo – Vá não importa! Porque é que me ligaste?
Filipa – Depois explicas-me melhor essa história… Preciso de um favor!
Bernardo – Chuta!
Filipa – Eu quero dar uma coisa ao Francisco que ele possa usar todos os dias, mas não sei bem o quê…
Bernardo – Só digo isto: PER-FEI-TOS!
Filipa – O quê? Estiveste a beber?
Bernardo – Esquece – e começou a rir
Filipa – Mas ajudas-me ou não?
Bernardo – Claro! Já tens alguma coisa em mente?
Filipa – Nem por isso…
Bernardo – Dou-te uma pista, vai à Timberland. Tenho que desligar, boa sorte.

Fiquei mesmo confusa! Primeiro diz que o Francisco ia ligar à Mica, depois manda-me à Timberland e agora deliga assim!

Mica – Então?
Filipa – Ele disse para ir à Timberland…
Mica – Então vamos!
Filipa – Espera! Tenho que entrar naquela loja, já viste aquele vestido? – ambas nos rimos

Francisco:

Desde manhã que ando a pensar em oferecer alguma coisa à Filipa, mas não sabia bem o quê… Algo que mostrasse que eu realmente gosto dela, que ela pudesse mostrar a toda a gente e dizer: «foi o meu namorado que me deu», algo que oficializasse a nossa relação...

Francisco – Então, estavas ao telemóvel?
Bernardo – Sim… Era a minha mãe…
Francisco – Era a tua mãe? – perdi-me no meu próprio riso ao proferir tal pergunta
Bernardo – Sim! E tu, em vez de gozares não devias de estar a ver a prenda para a Filipa?
Francisco – Se eu encontrasse…
Bernardo – E que tal ligares à Mica? É a melhor amiga e passou a manhã toda com ela, de certeza que a Fi gostou de alguma coisa e não comprou.
Francisco – É isso mesmo! Tu às vezes até dizes coisas de jeito.

Enquanto nos riamos, eu tirei o meu telemóvel do bolso para ligar à Mica.

Mica – Deixa-me adivinhar! Queres dar uma prenda à Fi, mas não sabes o que será, certo?
Francisco – Como é que tu…?
Mica – Vai à Swatch, ela vem aí, tenho que desligar!
Bernardo – Então, puto?
Francisco – Tipo, disse para ir à Swatch… Estou mesmo à toa!
Bernardo – Se disse para lá ires, vais.

Filipa:

Estava tão ansiosa por escolher a prenda para o Francisco, que já tinha perdido o interesse em experimentar aquelas roupas.

Mica – Então?
Filipa – Esquece, vamos é encontrar a prenda do meu Chiquinho!
Mica – O meu Chiquinho…
Filipa – Pára – disse ficando corada

Fomos até à Timberland e eu continuava sem saber o que é que o Francisco poderia querer de lá… De certeza que o Bernardo não me mandou até lá para lhe comprar botas, era mais do que simples botas…
Entrei na loja e vasculhei-a de uma ponta a outra até que algo me chamou à atenção! Era a montra dos relógios. Claro, só podia ser isso! Algo que ele gostasse e que usasse todos os dias… O Francisco adorava relógios! Escolhi um relógio que me pareceu de imediato a cara dele.

Filipa – O que achas daquele castanho de cabedal?
Mica – Sem duvida que é a cara dele!
Filipa – Também acho!
Senhor da loja – Precisa de ajuda?
Filipa – Queria levar este, por favor – disse apontando para o relógio

Fiz o pagamento e recebi o relógio que havia escolhido. Só espero é que ele goste do relógio que eu escolhi! Enquanto eu e a Mica nos encaminhávamos para o carro, encontramos a Bea e a Matilde que também tinham ido à procura de prendas, mas para levarem para os pais.

Francisco:

Francisco – Juro que não percebo o que estamos aqui a fazer! A Filipa não é uma fã de relógios como eu…
Bernardo – Ainda bem! Já basta a obsessão dela por roupa – disse soltando algumas gargalhadas
Francisco – Sim, também é verdade, mas vá, vamos ver o que é que há por aqui, afinal a Mica conhece-a melhor que ninguém…
Bernardo – Nem mais!

Andamos os dois às voltas dentro daquela minúscula loja à procura da prenda perfeita, até que a montra das jóias chamou-me à atenção. Havia um anel em particular que me despertava mais a atenção. Só poderia ser daquele anel que a Mica falava! A Filipa não era muito de usar anéis, mas aquele tinha tudo a ver com ela, era simples, mas uns pormenores incríveis como ela! Só espero que a minha menina goste!

Filipa:

Estávamos a passar em frente à Swatch quando vi o Bernardo e o Francisco saírem de lá todos animados. Juntámo-nos a eles e fomos para casa preparar a nossa passagem de ano!
As meninas decoravam a sala enquanto os rapazes escolhiam as músicas para logo.

Filipa – Meninos, está na hora de nos prepararmos para logo à noite!

Cada um foi para o seu respectivo quarto arranjar-se para a nossa grande noite.
Como sempre eu ia tomar banho primeiro e depois escolhia a roupa para o Francisco
vestir, admito que esse simples gesto me fazia sentir completa, como se já vivêssemos juntos e eu lhe escolhesse a roupa para ele usar.

Para ele tinha escolhido umas calças pretas, um blazer cinzento, uma camisa branca, uns ténis e um cachecol pretos e um relógio prateado. Algo muito simples, tal como ele gostava.
Para mim, escolhi algo mais elaborado, como de costume. Escolhi um vestido azul com pormenores bordados a ouro, uns saltos dourados, uns brincos dourados com detalhes semelhantes aos dos sapatos e umas pulseiras que conjugavam os dois tons que eu estava a usar, o azul e o dourado.

Francisco – Sabes sempre o que escolher para mim!
Filipa – Eu conheço-te bem – disse dando-lhe um beijo repenicado
Francisco – Pois conheces! Mas não gosto que vás assim…
Filipa – Porquê? Fica-me mal?
Francisco – Não, fica-te é bem demais – disse fazendo beicinho
Filipa – Oh, o meu menino está com ciúmes, é?
Francisco – Não são ciúmes!
Filipa – Ai não? – disse agarrando-me à cintura dele
Francisco – Não… depois de veres a minha surpresa percebes.
Filipa – Não és o único a ter surpresas, eu também tenho e acho que vais gostar!
Francisco – Eu vou amar, meu amor – disse dando-me um beijo apaixonado

Após uma demorada troca de carícias decidimos descer para o nosso Jantar de Véspera de Ano Novo. O Jantar tinha decorrido normalmente, entre risos e gargalhadas e estava na hora de começarmos a nossa festa. Tudo parecia correr bem, até conseguimos meter a Mica e o Gustavo debaixo do azevinho, mas o pior estava para vir! Eu tinha dito que o Daniel não desistia com facilidade e como já era de prever eu tinha acertado, as coisas iriam ficar feias, muito feias e a minha relação com o Francisco poderia mesmo acabar…