Capítulo 1 - Cinema (Parte II)

Com a primeira fase do plano terminada, todos procuravam numa enorme risota a sala onde iria passar o filme.

Fi – Mas afinal qual é a sala?

Bernas – É a Sete.

Fi – Mas essa é lá atrás, eu lembro-me de termos passado por ela! Que cambada de totós.

Chico – Fala a maior deles todos! – diz rindo

Fi – Vê lá se é ó parvo – disse resmungando

Chico – É? Vê lá – diz imitando a minha expressão

Matie – Crianças, olhem! É esta a sala – diz apontado para a mesma

Bernas – Pois é, estás mesmo atenta – Bea e Fi olham uma para a outra e riem-se – Que foi?

Bea – Nada nada – diz ainda a rir

Chico – Este filme vai ser lindo, vai – diz com ar irónico

Mica – Nem tu sabes o quanto! – diz olhando para Fi

Todos entram e reparam que o filme ainda não começou, mas que a sala já se encontrava cheia. Intimidados com o olha de tanta gente posto neles, apressaram-se a encontrar os seus lugares e a sentarem-se nos mesmos. Passados poucos minutos o filme começa e a sala é invadida pelo silêncio. Filipa estava muito interessada em ver aquele filme, mas o seu coração estava a mil e a sua cabeça não parava de pensar no Chico. Fi a cada minuto que passava ficava mais e mais nervosa, não parava de pensar que as coisas com o Chico poderiam ficar na mesma, ou pior, ou melhor! Estava prestes a ter um ataque de coração, com tantos nervos. As suas mãos não paravam de tremer, sentia a perna a baloiçar velozmente e a temperatura a aumentar, estava a ficar difícil permanecer ali sem fazer nada. Filipa tentou acalmar-se, respirou fundo, tirou o casaco e deu um grande gole da garrafa de água que tinha dentro da mala, mas este movimento é interrompido por uma voz muito familiar.

Chico – Parece mesmo que és uma brasa – diz piscando-lhe o olho

Fi – O quê? – diz incrédula ao ouvir tais palavras

Chico – Sim, estás aí cheia de calor!

Fi – Ah, está imenso calor aqui dentro, só isso.

Chico – Ai está? Não sinto nada...

Fi – Se sentisses alguma coisa é que era de admirar...

Chico -  O que é que disseste?

Fi – Que agora estou a ficar com frio – digo enquanto vestia o meu casaco e rezando para que ele acreditasses

Chico – Não me parece que tenhas dito isso, mas está bem.

Fi – Foi sim! – digo enfiando-lhe uma pipoca na boca

Chico – Que bruta!

Fi – Aprendi com o melhor – digo deitando-lhe a língua de fora

Chico – Hum... Achas mesmo isso? – diz pegando numa pipoca

Fi – Acho!

Então Chico dá carinhosamente a pipoca à boca da Filipa e termina passando a mão no rosto dela. Fi não resiste, fecha os olhos e encosta o seu rosto à mão gigante e quente de Chico que naquele momento continuava a acariciar o rosto de Fi. Permanecem assim em silêncio durante largos segundos até serem interrompidos pela Mica.

Mica – Por acaso vocês... – não termina a frase notando que estava a interromper algo

Filipa abriu os olhos de imediato, como se tivesse acabado de acordar de um sonho, mas não proferiu nada, manteve-se a olhar para a melhor amiga em silêncio. Ela estava completamente sem reacção. Finalmente o Chico quebrou o silêncio, pois nenhuma das duas estava disposta a isso.

Chico – Sim, diz – disse ainda a pensar no que tinha acontecido

Mica – Esquece!

Chico – Diz lá, Mica!

Mica – Não é nada... Desculpem, a sério! – diz olhando para Fi com um olhar triste, tentando decifrar a expressão dela, mas sem sucesso

Chico – Oh, é na boa.

Filipa e Chico permaneceram em silêncio, sem se olharem e tendo como único pensamento o que acabara de acontecer. Aos poucos, começaram a olhar um para o outro de soslaio enquanto comiam pipocas. Estavam tão concentrados naquele ritual que nem deram conta que as suas mãos se tocaram e os seus dedos se entrelaçaram. Chico olha para Fi, sorri e começa a fazer-lhe carícias com o seu polegar na palma da mão. Fi responde-lhe com um largo sorriso e com várias e prolongadas carícias no rosto. Chico aproxima o seu rosto do dela e sem nunca deixar de lhe olhar nos olhos, dá-lhe carinhosamente um beijo apaixonado nos lábios, um beijo que à muito era esperado ansiosamente por ambos. A troca de mimos foi uma constante durante o resto do filme, mas não foi só por eles, o Bernas e a Matie finalmente acertaram! Parecia que o plano de Fi e Bea estava a resultar às mil maravilhas. As luzes acenderam-se e todos se levantaram em direcção à saída.

Mica – Bem, parece que a minha interrupção não foi assim tão má! – diz rindo

Fi – Pois não e ainda bem – diz envergonhada

Bea – Mas olha que temos mais casalinhos, não são só estes! – diz olhando para Matie

Matie – Nem comeces... – diz envergonhada

Fi – Mas vamos às compras ou vamos ficar aqui a olhar uns para os outros feitos parvos?

Chico – Não me apetece muito...

Fi – Então, mas não tens que ir connosco... Porque é que não vais com o Bernas dar uma volta ou ver roupa para vocês? Depois encontramo-nos todos aqui ou no Pasta.

Bernas – Que boa ideia! Desculpem lá, mas vocês demoram horas na mesma loja...

Fi – Então pronto, encontramo-nos às 20h no Pasta?

Todos concordam e os casalinhos despedem-se demoradamente até que são separados por Bea e Mica que arrastam as amigas que têm um sorrisinho parvo e apaixonado na cara para as escadas rolantes para finalmente começarem a fazer compras. Durante o caminho até à Zara, a conversa foi sobre como Fi e Chico ficavam bem e todos os pormenores do que tinha acontecido durante o filme. O que poderia ser melhor do que compras com as melhores amigas e voltar namorar com o rapaz que se ama no mesmo dia? Era a pergunta que Filipa não parava de fazer. Passaram pela montra da Ericeira e a Filipa fica estática a olhar para ela! Aquilo era mesmo a cara do Chico, ela tinha que lhe comprar!

Camisola que a Fi comprou

Mica – Que foi amor? – perguntou preocupada

Fi – Isto é mesmo a cara dele! Não acham?

Bea – Mesmo!

Fi – Ele adora camisolas às riscas e eu adoro vê-lo com camisolas às ricas

Matie – Oh, tão querida!

Fi – Vou comprar, o que é que dizem?

Mica – Fazes muito bem!

Bea – Sim, ele vai adorar.

Todas entraram na loja e vasculhavam enquanto Fi pagava camisola. Entretanto Matie encontrou uma T-shirt para dar ao Bernas, a Fi disse que ele iria adorar e quem melhor do que a melhor amiga para saber essas coisas? Mas ao que parece a Filipa não era a única a estar na fila para pagar uma prenda que pelos vistos, também era para uma pessoa muito especial.

Vestido que o Chico comprou

Chico – Não, agora a sério. Achas que a Fi vai gostar?

Bernas – Não...

Chico – Eu sabia! Epá, mas isto parecia mesmo a cara dela!

Bernas – Ela não vai gostar, vai amar!

Chico – Decerteza?

Bernas – Absoluta, ela adora estas ceninhas – diz apontado para as lantejoulas

Chico – São lantejoulas.

Bernas – Mas já falas a língua delas?

Chico – Não posso parecer um inculto à frente dela!

Bernas – Sim senhor!

Á saída da Zara Bernas olha para o relógio e diz:

Bernas - Puto! Mexe-te antes que elas lá cheguem, já lá devíamos estar!

Chico – Calma, elas estam às compras, demoram sempre horas!

Bernas – Mesmo assim...

Apressam-se a chegar ao Pasta, mas não eram os únicos a andar a correr pelo Colombo, as meninas também estavam a correr, queriam chegar primeiro que eles. Mas o que ninguém sabia é que a Fi estava a fazer das suas... Enquanto estava na caixa a pagar a prenda do Chico, mandou mensagem ao Rodrigo e ao Gustavo para irem jantar com eles. O Rodrigo era o grande amor de Bea, mas esta negava-o a todo o custo, cada vez que alguém mandava alguma boca em relação ao Rodrigo a Bea era a primeira a mandar calar e a censurar o acto. O Gustavo era o amor de Mica, mas Mica já o havia admitido a Fi, mas tinha-lhe pedido segredo e como boa melhor amiga que era, Filipa não tinha dito nada a ninguém! Os rapazes também estavam interessados nelas, mas como era típico, não davam o primeiro passo, precisavam de uma ajudinha e haverá alguém melhor do que Fi? Claro que não! Os rapazes e as raparigas chegaram ao mesmo tempo, mas o Rodrigo e o Gustavo já lá estavam à espera. O ar de espanto estava estampado nos rostos de Mica e Bea, não estavam nada à espera daquela visita.

Rodrigo – Bea, alô? Vais ficar com essa cara de parva? Parece que viste um bicho!

Bea – Estou a olhar para um!

Rodrigo – És sempre tão simpática – diz com ar irónico

Bea – Tu até nem gostas nada – diz dando-lhe dois beijinhos

Rodrigo – Vamos comer ou não? Estou cheio de fome! – diz fugindo à afirmação de Bea

Gustavo – Passaste o caminho todo a dizer isso, já não te posso ouvir! – olha para o lado e vê que Mica também está presente. Um largo sorriso aparece nos seus lábios – Olá Mica, estás boa?

Mica – Sim e tu?

Gustavo – Sim, estou. Estás muito gira – diz envergonhado

Mica – Obrigada, tu também – diz com o rosto a ficar cada vez mais vermelho

Fi – Vão comer ou vão ficar aí a olhar um para o outro?

Gustavo – Vamos já!

O jantar foi muito animado, todos conversaram, riram, contaram histórias antigas e recordaram momentos. Estavam todos muito divertidos, principalmente a Mica e o Gustavo que finalmente estavam a entrar nos eixos, mas com muita calma, a Mica é uma rapariga muito tímida e com medo de se entregar a alguém e o Gustavo sabia muito bem disso. Parecia estar tudo a correr até que Filipa repara que não tem bateria no telemóvel...

Fi – Não acredito nisto! – diz com ar chateado

Chico – Que foi?

Fi – Fiquei sem bateria no telemóvel e precisava de dizer uma coisa importante à minha irmã. Só me lembrei agora...

Chico – Toma – diz tirando o telemóvel do bolso – Liga-lhe do meu.

Fi – Achas? Mando só mensagem.

Chico – É como te der mais jeito...

Fi – Obrigada! – diz dando-lhe um beijo nos lábios

Chico – De nada, meu amor.

Filipa estava a mandar mensagem à irmã e enquanto isso todos se preparavam para sair do restaurante. Quando acaba de o fazer, já estavam todos em direcção às escadas rolantes e o telemóvel do Chico vibrou, tinha recebido uma mensagem e sem querer a Fi abriu-a e claro, não foi capaz de não ler. A mensagem era de uma Raquel e dizia:

«Eu também gosto muitoooooooooo de ti, meu parvo! (L)

No domingo conta comigo, vou ver o teu jogo :b»

A Filipa ficou sem reacção, não sabia o que fazer, estava destroçada. Ela pensava que ele gostava mesmo dela, mas era tudo mentira, ele tinha outra! Como é que ele foi capaz? Logo ele...

Fi – Toma, tens uma mensagem – diz com ar rude

Chico – É de quem?

Fi – Não sei, só a abri, não vi de quem era – ar rude novamente

O Chico lê a mensagem e percebe logo o que se passa, mas quando se virou para falar com ela, ela já ia lá à frente com a Matie e o Berna.

Chico – Fi, espera!

Fi – Diz...

Chico – Temos que falar, isto não é o que parece!

Fi – A celebre frase, poupa-me!

Chico – A sério...

Bernas – Deixa-a, falas com ela amanhã, é melhor acredita – diz agarrando-lhe o braço

Chico – Larga-me, tenho que falar com ela!

Enquanto Bernas estava a agarrar o Chico a Fi desapareceu do alcance de Chico, a Fi já estava na estação do metro à espera que este chegasse. O Chico conseguiu soltar-se e começou a correr até ao metro para resolver tudo com a Fi, aquilo não passava de um grande mal entendido! A rapariga da mensagem, a Raquel era a prima do Chico que prometera ir ver o jogo dele no domingo, mas Filipa não sabia disso. O Chico corria o mais rápido que podia e quando finalmente chegou à cancela do metro ouviu o metro a aproximar-se. O seu passe estava a dar vermelho e agora? Ele não tinha muito tempo! Será que consegue resolver tudo hoje com Fi? Será que ela o vai perdoar?