- Finalmente! – exclamou o Bernardo assim que me acerquei
- Desculpa, estava um trânsito caótico! – tentei desculpar-me
- Mesmo
que não tivesse, ias chegar atrasada… - sussurrou
- Tens
razão – acabei por admitir e soltamos umas breves gargalhadas
- Então,
já sabes o que vais fazer? – perguntou-me
- Em
relação a quê? – perguntei fazendo-me de desentendida
- Sabes
bem do que é que eu estou a falar, Fi... Estou a falar de ti e do Francisco.
- Não há
nada a fazer – disse calmamente
- Não
quê?! Tu só podes estar a gozar, Filipa! – disse rudemente – O Francisco anda à
duas semanas a tentar falar contigo e a resposta que lhe dás sempre é: «tenho
que estudar» e agora dizes-me que não há nada a fazer?! – repreendeu-me num
misto de desilusão e irritação
- Sim, não há nada a fazer! Daqui a bocado vou ver as notas das provas e depois logo vejo que decisão tomar…
- Tu não
podes brincar assim com os sentimentos das pessoas! Uma coisa é não conseguires
lidar com os teus problemas, outra completamente diferente é envolveres pessoas
no meio, pessoas que gostam imenso de ti e que estão a sofrer! – vociferou –
Estou muito desiludido contigo, muito mesmo. E agora, estás por tua conta! Quando
resolveres o que queres fazer, diz-me – levantou-se e foi-se embora,
deixando-me ali a pensar no que ele acabara de dizer.
Ele tinha
razão, eu estava a fazer sofrer o Francisco e isso não podia ser, eu não tinha
o direito de o magoar desta maneira, eu tenho que resolver isto e é já, não
posso adiar mais esta situação.
Decidida
a mudar o rumo do que até então eram os meus dias, peguei no meu telemóvel para
ligar ao Francisco, eu tinha que falar com ele! Pois, tinha… Primeiro tenho que
atender esta chamada.- Estou? - perguntei
- Fiiii –
era a voz inconfundível da Mica, a minha melhor amiga -, onde estás?
- Olha,
estava no café da Rute, vim beber café com o Bernardo, mas a conversa não
correu lá muito bem… - disse desanimada
- Então? –
perguntou-me preocupada
- Depois
conto-te! Onde estás?
- Estou à
porta da escola com a Matilde e a Beatriz!
Conseguia
ouvir do outro lado da ligação a Beatriz a reclamar o facto de eu estar demorada.
- Ok,
então eu vou já para aí! Beijinhos – e desliguei a chamada.
Olhei
para o fundo do meu telemóvel, que era uma fotografia minha e do Francisco
agarrados, na quinta dos meus avós. Como eu tenho saudades desses tempos…
Não posso
voltar a pensar nisso, agora tenho é de me despachar, pois, estou extremamente ansiosa
para saber se recebi a bolsa de estudo ou não! Parece que terei de falar com o
Francisco mais tarde…Passados dez minutos já me encontrava ao lado das minhas amigas, para sabermos as notas das provas de admissão e pelo caminho até ao pavilhão onde estas se encontravam afixadas, fui contando a curta conversa com o Bernardo.
- Ele tem
razão… – acabou por admitir a Matilde
- Mas eu
sei disso, Matie! Mas eu não posso tomar nenhuma decisão sem saber a nota das
provas! Imagina que eu passo, como é que depois ficamos?
- Acho
que estás só a arranjar desculpas para evitares falar com ele, tens medo do que
sentes e da maneira como te irás comportar ao pé dele – declarou a Beatriz
- Não se
trata disso… - principiei
- Então
trata-se de quê? Admite que tens medo, Filipa, admite! – gritou a Beatriz
- Pronto!
Eu admito, tenho medo, medo do que sinto, do que vou sentir, do que ele sente,
tenho medo de tudo! Feliz? – perguntei irritada
- Agora
que deitaste tudo cá para fora? Muito! – respondeu-me com um largo sorriso e
todas me abraçaram
- Mas vá,
agora vamos é ver as notas! – afirmou a Mica
Dirigimo-nos
até ao placar onde estavam as notas, mas rapidamente percebemos que seria
impossível vermos os resultados, pois estava imensa gente à volta do placar e
não havia uma única brecha.
Irritada
com a situação, comecei a pedir licença e com esta me foi negada, comecei a
empurrar as pessoas que se encontravam á minha frente, com o intuito de
conseguir chegar perto do placar.
- Com licença
– pedi – Ai, deixem os outros ver! – gritei
Assim que
gritei, todos os rostos se voltaram para mim e fixaram-me como se fosse a
primeira vez que me viam.
Estranhei,
pois muitos daqueles rostos eram-me conhecidos…Abriram caminho para que eu pudesse ver o papel que tinha como título: «RESULTADOS DAS PROVAS DE ADMISSÃO À BOLSA DE ESTUDO» e muitos deles ao afastarem-se, sorriam-me cordialmente, algo que hoje em dia não era muito comum… Não liguei e avancei para poder ler o papel, tal como as minhas amigas.
Confesso que fui um pouco egocêntrica, pois fui logo à procura do meu nome na lista e lá estava ele! Eu tinha sido aceite na Royal Academy of Dramatic Art, a prestigiadíssima escola de artes dramáticas de Londres!
- Passei!
– gritei entusiasticamente
- Eu
também! – gritou a Mica
Abraçamo-nos
fortemente, pois já era óptimo ter ganho uma bolsa de estudo na prestigiadíssima
escola de artes de Londres, mas tornava-se perfeito a partir do momento em que
a minha melhor amiga também tinha sido aceite! Mas algo estava errado, porque é
que a Matilde e a Beatriz não se tinham juntado a nós? Onde é que elas estavam?
Voltei a ver a lista e reparei que elas não tinham sido aceites…
Corri
para abraçar a Matilde que estava num estado lastimável.
- Aquilo
está errado, só pode! As provas correram-te super bem, foste das melhores, até
os professores disseram isso – disse ao abraçar a Matie
- Não
correu bem o suficiente para ser aceite na Royal Academy! – disse não
conseguindo controlar as lágrimas que não paravam de lhe molhar a face
- Vá, não
fiques assim! Nós temos de… - fui interrompida por uma mão que pousou em cima
do meu ombro
Virei a
cara para ver quem era e fiquei estupefacta quando encarei com a cara do
Francisco ali à minha frente, a menos de dez centímetros de mim. Já não dava
para adiar mais aquela conversa e prova disso, era a presença dele ali.
- Podemos
falar? – perguntou-me
- Não,
não vês que a Matilde está mal? – disse rudemente
- Fi, vai
lá falar com ele, eu fico bem – assegurou-me a Matilde
- Tens a
certeza? – perguntei desejando que a resposta dela fosse «não», tinha muito
medo daquela conversa
- Sim,
tenho – acabou por confessar por entre soluços
Não havia
volta a dar, larguei a minha amiga que estava despedaçada por não conseguir
realizar o seu sonho e preparei-me para enfrentar o meu presente e quem sabe, o
meu futuro.
Dirigimo-nos
para o exterior do pavilhão e sentamo-nos num banco, para podermos começar a
tal conversa que eu tentava evitar a todo o custo.
- Então,
já foste ver os resultados? – perguntou-me de um modo cordial que tão bem o
caracterizava e para me deixar ainda mais nervosa, sorriu-me de um jeito terno
e delicado
- Sim,
consegui a bolsa – admiti envergonhada, baixando a cabeça
Num gesto
extremamente carinhoso, o Francisco pousou a mão debaixo do meu queixo, levantou-me
a face e olho nos meus olhos, como se esperasse qualquer reacção da minha
parte.
- Eu
sabia que conseguias, sempre soube – deu-me um abraço forte, mas inesperado,
longo, mas carregado de sentimento – Muito parabéns – felicitou-me
desfazendo-se do nosso abraço
Assim que
nos separamos, permanecemos com o olhar fixo um no outro, como se estivéssemos presos
a uma espécie de corrente da qual não nos conseguíamos libertar. E sem que o pudéssemos
evitar e o pior (ou o melhor, não sei bem) aconteceu, as nossas testas
uniram-se e as nossas bocas colaram-se. Não foi um beijo normal, como os que em
temos costumávamos dar, aquele era diferente. Estava marcado por uma panóplia
de sentimentos, paixão, saudade, tristeza, felicidade, cumplicidade, desilusão,
… Nenhum de nós o conseguia terminar aquela caricia, notoriamente era desejada
por ambos, mas esta não poderia continuar, eu ia para Londres e ele ficava cá. Eu
tinha que parar isto, antes que fosse tarde demais!
-
Desculpa… - pediu o Francisco enquanto tocava nos seus lábios, como se tivesse
a comprovar de que eu os tinha beijado, como se não acreditasse que aquilo
tinha mesmo acontecido
- Isto
não devia ter acontecido! – disse enquanto me levantava bruscamente e ainda
zonza com tudo o que tinha acontecido
- Filipa, espera! Onde é que vais? – perguntou-me alarmado
- Eu… eu…
tenho que ir andando – disse enquanto agarrava a minha mala e começava a correr
- Espera!
– gritou – Não fujas! Não me faças isso outra vez – pediu
Mas eu
não acedi ao seu pedido, eu só queria sair dali e perceber o que realmente
tinha acontecido, o que é que tinha sido aquilo? Porque é que nós beijamos?
Porquê? Essa era a pergunta que não saia da minha cabeça e para a qual eu não
tinha resposta. E agora? O que é que eu vou fazer? Fugir aos meus problemas e
partir o mais rapidamente para Londres ou ficar aqui e resolver as coisas com o
Francisco? E em relação à Matilde? Devo ignorar a bolsa de estudo que me foi
dada e ficar cá com a minha amiga ou devo pensar mais em mim e seguir os meus
sonhos? Tantas perguntas e nenhumas respostas…
Ameiii!!! Desculpa só comentar agora, mas eu pensava que já tinha lido o capitulo, mas na verdade não tinha lido :s
ResponderEliminarEspero que não tenhas desistido da fic, e vou ficar á espera de um novo capitulo (:
Beijinhos,
Tatty.
http://eavidinhadela.blogspot.pt
QUERO MAIS SIMMM ?!
ResponderEliminarbeijinhos
Inês
http://porqueaoutrapediucomgeitinho.blogspot.pt/ - és bem-vinda !